Minha terra, meu viver

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Inverno

Eu pinto minhas unhas na frente do espelho,
aliso o cabelo
faço tudo o que puder
só pra ficar bonita
 feito modelo
Faço dieta,
mas só se quiser
Posso também ganhar corpo
Pintar o olho
Tomar uns shakes,
Ficar bem "mina"
Posso também usar salto
ou andar descalço
Do jeito que mais combina...
E o que isso vai mudar?
E o que isso mudaria?
Se tudo que eu pude te dar nem ao menos pegastes um dia
Tudo deixastes passar
feito trasgo, espírito sem jeito
só me resta deixar pra trás
inclusive esse meu desespero
O que me faz suportar teus pecados,
aposto, é muito mais o meu medo.

sábado, 7 de maio de 2011

Meu lugar ao sol

é bem embaixo dos teus braços,
entre eles, se for possível
como um abraço bem dado
Tão apertado que nem nó cego.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Les Escrocs

É como se fosse uma criança
construindo aqueles castelinhos de areia
Me aparecem amiguinhos
Uns maiores, outros pequeninos
Aí, um deles, daqueles que são grandes,
Resolve dizer que tá tudo errado
Logo ele, aquele, que nunca fez castelo nenhum
Nem de areia nem de nada
E quer saber mais que os outros porque se acha maior?
Ora, e ele não sabe que eu vou ter uma torre
E que, pelo menos, o castelo é meu?
Quem diz quantos quartos devem tê-lo sou eu
Digo também que mesmo sendo de areia
A obra é minha, quem quiser ajudar, obrigada
Quem não quiser, com licença
Pior é a cegueira daqueles que, valendo de momentânea posição,
Não querem ver além-mar
Porque se permitir a tanto é 'ajudar demais', 
é ser 'útil demais', é ser 'solidário demais'...
E isso, senhores, não combina com quem se acha deveras grande.
Cá estou do meu tamanhinho
Nem anão nem gigante
Do tamanho perfeito
No meu corpo cabe bem minh'alma venturosa
Noutro dia, me pus a filosofar acerca de tudo isso
E só me resta uma única explicação: somos um todo Espirito.
Essa é a única explicação justa e acabada dos seres humanos
Senão, vejamos:
Se tomo a mim igual aos mentirosos, falsos, larápios, ciumentos, egoistas
Só meu corpo me diferenciaria?
E os dias de torpor e melancolia,
e as decepções?
Por que uns sofrem mais, outros menos?
Injusto seria...
Infelizes são os sem-fé, que se enganam com coisas mundanas
é tão triste isso.
Feliz mesmo fica nosso espírito quando nos apercebemos em vida
que só a beleza, a riqueza e o poder não nos bastam.
Quem tem conteúdo sabe que capas e cascas são mera formalidades.


domingo, 27 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Da finitude

E, na verdade, tive saudade
Não teria nem como não tê-la
Cometê-la seria contra a vontade
Vontade de, então, perdê-la?
A  saudade
 Mas se em mim já não se faz
Eu nem sei ao certo quanto volitivo isso é
A  fé chega a ser engraçada, curiosa, talvez
Entregue a um sereno remanso
Descanso
Como se te dissesses: "Vamos viver mais uma vez?"